
Um padrão de beleza é um conjunto de normas estéticas que formatam o corpo de um indivíduo, de acordo com processos culturais localizados em um determinado espaço e tempo histórico. É uma construção social, ou seja, não é algo que sempre existiu na natureza, não é universal nem imutável.
Cada cultura tem a própria definição do que é belo, estabelecendo associações entre determinadas partes do corpo a atributos positivos ou negativos. Esses parâmetros acabam por qualificar e desqualificar as pessoas, que constroem suas identidades a partir dessas regras.
As consequências da imposição de padrões de beleza
A imposição de um padrão de beleza coloca em risco a saúde das pessoas. Uma pesquisa mostrou que 41% dos brasileiros já tiveram problemas psicológicos ligados à aparência e à baixa autoestima.
Há ainda os riscos decorrentes de intervenções cirúrgicas desnecessárias, do uso de esteroides anabolizantes e da exposição prolongada ao sol ou à radiação do bronzeamento artificial.
A cobrança interna e externa pelo corpo perfeito é chamada de pressão estética, que impacta em especial as mulheres.
Listamos alguns dos efeitos nocivos dessa pressão, com a ressalva de que os padrões de beleza não são a única causa dos problemas abaixo.
Transtornos alimentares
Os transtornos alimentares englobam todo comportamento disfuncional relacionado à comida. São distúrbios multifatoriais, ou seja, que têm múltiplas causas. Além da pressão estética, o bullying e outros traumas de infância podem desencadeá-los.
Os principais transtornos alimentares são:
- Anorexia: caracterizado pela visão distorcida sobre o próprio corpo. A pessoa tem medo intenso de ganhar peso e obsessão por emagrecer;
- Bulimia: compulsão alimentar seguida por métodos para evitar ganho de peso, como expurgos, excesso de exercícios físicos e jejum;
- Compulsão alimentar: ingestão exarada de alimentos, sem que haja sensação de fome ou necessidade física;
- Ortorexia: preocupação exagerada com o que se come, levando a uma obsessão para sempre comer de forma certa, com alimentos saudáveis e extremo controle de calorias e qualidade.
Estima-se que 70 milhões de pessoas são afetadas por algum tipo de transtorno alimentar em todo o mundo. Geralmente, os distúrbios começam a se manifestar no final da infância e início da adolescência.
Dismorfia corporal

ambém chamada de transtorno dismórfico corporal (TDC) , a dismorfia corporal se caracteriza pela preocupação exagerada com algum defeito imaginário na aparência física. Estima-se que atinja mais de 4 milhões de brasileiros, com igual proporção entre homens e mulheres.
Quem sofre com o TDC tem dificuldades de sair de casa, por medo de ser julgado pela aparência, e acaba se isolando. Há quem recorra a procedimentos estéticos e intervenções cirúrgicas para tentar corrigir a suposta imperfeição, o que não garante que o sofrimento vai passar. Geralmente, a pessoa torna-se obsessiva com outra parte do corpo.
Gordofobia
A gordofobia é a aversão a pessoas que estão acima do peso considerado ideal pelos padrões de beleza. Geralmente, é acompanhada por piadas, comentários pejorativos ou desmerecimento.
É um preconceito a um determinado tipo físico, tido como anormal por não estar de acordo com parâmetros estéticos. O caráter do indivíduo passa a ser definido pelo tamanho do seu corpo, o que acaba prejudicando sua saúde mental.
Racismo estético
Falando especificamente de padrões de beleza impostos na sociedade, o racismo estético se manifesta na negação ou em ataques a traços físicos de pessoas negras, como o formato do nariz e da boca, a estrutura óssea e os cabelos
Como lidar com os padrões de beleza
É preciso tomar cuidado para que não se torne mais uma pressão estética. Sentir a obrigação de ter uma visão positiva sobre nossa aparência também pode levar à vergonha e culpa, não é mesmo?
Um caminho indicado pela psicóloga Kendra Cherry, que contribui para o portal de saúde mental Verywell Mind , é substituir pensamentos negativos por padrões mais realistas, sem negar que existe um padrão de beleza dominante na televisão, no streaming e nas redes sociais.
Não precisamos amar todas as partes do nosso corpo, mas temos que ter em mente que a aparência não determina nosso valor como seres humanos. Por isso devemos focar em outras características nossas para desenvolver o nosso autoconceito.
O processo não é simples nem acontece do dia para a noite. É um esforço contínuo de evitar pensamentos que prejudicam nossa imagem corporal.
Mas existem atitudes mais concretas que você pode tomar:
- Compre e use roupas que valorizam o corpo que você tem agora, não o que você espera ter amanhã;
- Doe as roupas que estão muito pequenas ou muito grandes para seu tipo físico. O objetivo é ficar confortável e se sentir bem;
- Encontre uma atividade física que te dá prazer e comece aos poucos. O mais importante é fazer algo que fortaleça seu corpo do que o modelar para seguir um padrão;
- Coma alimentos saudáveis no seu dia a dia por eles fazerem bem para você – e não para alcançar o peso ideal.